Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

segunda-feira, novembro 14, 2005

qual é o teu nome?

eu ou a minha sombra abrasiva - o meu conceito isolado além sonho, matéria de espirros e ausências, delírio matinal repetitivo.
eu ou a minha sombra - abrasiva, porém, só no contacto com a pele, tarde de inverno feita noite, relógio que não avança nunca.

éramos nós os dois mais um par de bandarilhas à procura de um restaurante - sabes tanto da cidade como a cidade de ti: pessoas que te sorriem pelas esquinas, cafés que te oferecem sob o epíteto de Sr. Dr. - logo tu que te enganas em todas as ruas. éramos nós dois ou quantos mais - vais ser capaz de me mentir ao dizer que tens a casa sempre arrumada?

eu e eu e eu e eu - repetir repetir repetir a mesma palavra ao infinito. tenho os pés duridos de andar a correr atrás de ti pela cidade e nem uma palavra te resta para um agradecimento, um obrigado, mesmo que envergonhado. não uses mais pontos finais, foi tudo o que me disseste - ainda por cima chovia, chovia a cântaros, eu todo molhado por dentro e por fora, os ossos a roerem-se uns aos outros - você vai acabar por se desfazer, disse-me o médico.

continuo a correr, mesmo assim. a minha sombra abrasiva ou dez histórias de canções que nunca chegaram a ganhar o festival da canção. uma cantora polaca a tentar abraçar-me à saída da escola e outros tantos músicos a fazerem a festa, como se fosse possível fazer a festa, sendo eu quem sou. tu continuas igual, eu continuo igual, éramos nós os dois e a palavra infinito mal escrita num moleskine. todas as histórias assim.

Sem comentários: