Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

segunda-feira, julho 11, 2005

quantos

quantos dias, quantos, os teus olhos todos negros em volta, quantos dias, sim, horas e horas seguidas dentro do aquário, a ver as coisas do mundo a passar lá fora e ali, sim, ali, quantos dias, quantos momentos em que o teu coração bate e se apressa, sim, quantas horas em que parece que tudo está a voltar para trás, é, e depois olhas para o relógio de pulso, é bonito, está ali, a marcar horas.

era, era assim o tempo inteiro, um papel rascunhado e embrulhado no chão, os teus pés a batebater na perna da cadeira, um ritmo qualquer, um jeito qualquer, sim, sim, quantas horas, quantas, dias, dias, dias, era assim mesmo, era, e tu, ali dentro do aquário, a deixar um rasto de pegadas pelo chão, uma vassoura atrás a limpar, sim, sim, sim, toca o telefone e tu atendes antes de te esqueceres de quem és.

mas, mas, mas dormir também não vale a pena, os olhos todos negros em volta, quantos dias, quantos dias, chegar a casa já tarde demais, sair sempre cedo demais, quantos dias, quantos, já nem ser voltar a casa, é mesmo só dormir em casa, o tempo todo dentro do aquário, o tempo todo a ver o mundo lá fora e tu, tu, tu ali dentro, a viver um mundo inteiro só para ti, pois, só mesmo para ti, mais ninguém, quantos.

1 comentário:

L. disse...

Gostava de ter escrito isso.

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