Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

segunda-feira, abril 11, 2005

olhos

abro os estores e olho para a rua, o céu ainda a tentar acordar para o dia, como eu também a tentar forçar os olhos abertos em frente ao espelho da casa-de-banho, abro os estores e os olhos, custa-me sempre a levantar, não é que na cama seja bom, mas sair, abrir a porta e sair do que se sonha para o que se vive, bem, custa-me, custa-me, apesar de ser tudo a mesma coisa.

abro os estores e a rua pareceu-me céu pesado de nuvens e depois saio da porta e o vento leve, o sol quente, as pessoas a correr de um lado para o outro, eu a tentar manter-me direito dentro do casaco, a rua assim de vento leve, eu assim de olhos a abrir, e ainda não sei se vou no sonho ou já na vida real, porque a vida real é feita de sonhos também, eu apenas faço o balanço do que me passou na cabeça durante a noite.

abro os estores e a rua, bem, a rua é sempre a mesma, só mudam as cores, assim um pouco ao estilo dos casacos que se vendem nas grandes superficies, assim um pouco no rumo do é tudo sempre igual, mas não é, porque os olhos abertos que se fecham ou os olhos fechados que se abrem, a vida real dos sonhos e os sonhos da vida real, bem, mesmo que um tipo se habitue, está sempre a sentir surpresas por dentro.

Sem comentários: