Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

domingo, abril 24, 2005

a esta hora

fico sempre assim a esta hora, parado, de olhar fixo na parede, no vidro do carro. sempre a esta hora, de noite. eu assim. calado, olhar fixo na parede. tenha sida um dia em cheio ou um dia vazio. a esta hora tudo se esvai, os meus braços caem em direcção à terra, os meus pés que se prendem por dentro dos sapatos. a esta hora, sempre a esta hora.

fico sempre assim a esta hora. o corpo preso à alma que se trava, sem direcção nenhuma para onde ir. é de noite, tarde. eu parado a olhar para a parede, fixamente. tenha sido um dia bom ou um dia mau.a esta hora, e não direi que é a força do relógio porque eu nem uso relógio. a esta hora, e nem direi que alguém me avisa, fico assim mesmo quando estou sozinho.

fico sempre assim a esta hora. se eu fosse dos filmes, tirava um maço de cigarros do bolso da camisa e franzia a testa. eu fosse dos filmes, as minhas mãos em grande plano. sempre a esta hora. os olhos presos à parede, os pés quietos no chão. os pensamentos, sempre a esta hora. toda a razão nos pensamentos.

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