Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

sábado, março 19, 2005

não lhe encontrei um título

ponho-me-te a inventar nomes, talvez eu queira ver melhor, talvez fazer-te ver melhor, um monte de coisas que continuam sem sentido. ponho-me-te a inventar nomes, palavras que não querem dizer nada, erros. nomes, aglomerados de letras e palavras virgens, painéis martelados por mãos sujas de pedreiros. ponho-me.

os nossos meus teus olhos choram do vento poeirento que vem do jardim. uma menina de saias rosa dá saltinhos pela calçada. chego aqui e penso, prosa tipicamente portuguesa. calçada, mais ninguém de nenhum país fala em calçada. e depois ponho-me a pensar e lembro-me daquela fotografia do jean-paul e da simone, na praia de copacabana. a preto e branco, até podia ser espinho, num dia de sol.


nomes, sim, nomes. e depois olho para as minhas palavras e percebo, isto é tudo igual, tudo igual, mesmo que me telefones a meio da noite e eu atenda o telefone na rua, a ver pessoas que saem da escola e que entram em carros a correr, são só nomes, só nomes. ponho-me-te a inventá-los, porque talvez eu ainda queira dizer alguma coisa. a meio da manhã, o pó nos olhos, desejar que tudo seja possível.

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