Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

domingo, setembro 07, 2003

o mistério da masturbação

tenho as mãos sobre as minhas ancas. estou sentado no sofá da sala e olho para a televisão. no relógio estão marcadas 2h 39m. passeio os dedos da mão esquerda para o comando da televisão, à  procura de qualquer coisa. a mão direita vai passeando para dentro dos calções. páro num canal pornográfico que incluí no pacote da tv cabo. tenho-os todos. o private, o sexy hot, o playboy.vejo uma mulher de aparência perfeitamente fora do normal a contorcer-se pendurada num pénis enorme. ela geme muito, muito alto. ele tem um ar esforçado, concentrado no seu trabalho. enfio a totalidade da minha mão direita dentro dos calções, sentindo o meu corpo que se desperta.
puxo o pénis para fora e começo a acariciá-lo. aperto-o e liberto-o muito devagar. olho fixamente a televisão, desfocando por vezes aquilo que vejo. não há um mí­nimo de prazer neste gesto. é só algo mecânico e repetitivo. puxo pelo meu sexo e vejo-o crescer. mudo constantemente de canal para encontrar a cena que me vai fazer expulsar o sémen que me incendeia os sentidos. não sei como a descrever, nem sei bem o que é que ela é. mas sei que, no decorrer da mecanização dos gestos, eu vou-me sentir aliviado.
o suor escorre-me pelas têmporas. os olhos fixam a penetraçãoo que ocupa todo o visor da minha televisão. sinto que o coração se acelera, que a voracidade da minha carne exalta profundamente o controlo da minha razão. esfrego-me, esfrego-me com ódio por tudo aquilo que sinto. não consigo sequer perceber o prazer que isto algum dia deve ter tido para me fazer agora repetir o gesto interminável e frenéticamente. sinto cada vez mais próxima a ejaculação. sinto o sémen a correr-me já pelo pénis acima. e quando me venho, quando encho as mãos daquele líquido cremoso e alvo, mudo de canal e odeio-me. odeio-me como nos odiamos quando nos viramos para o outro lado da cama e adormecemos.

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